Data: 13/09/2021

Guatambu aposta na agricultura biológica

Por Raquel Pötter Guindani, eng. Agrônoma e Mestre em Ciência do Solo

A Estância Guatambu começou em julho deste ano um projeto de agricultura regenerativa através da utilização de composto biológico baseado nos ensinamentos da Dra. Elaine Ingham, do Soil Food Web dos EUA.

A ideia é que neste primeiro ano 20% da área de soja da propriedade já seja feita em um sistema 100% biológico, sem a utilização de defensivos ou adubos químicos. No restante da área de lavoura, será feito um sistema misto, já usando os produtos biológicos produzidos dentro da estância em algumas aplicações, e adubo químico e defensivos quando necessário – o objetivo é que gradualmente toda a área de agricultura e pastagens da Guatambu passe a utilizar somente insumos biológicos.

Essa agricultura regenerativa baseia-se no princípio de devolver ao solo a vida, a fim de restabelecer o equilíbrio do sistema que foi rompido ao longo dos anos pelas interferências físicas (de mobilização do solo) e químicas ou tóxicas (uso de fertilizantes minerais e defensivos químicos). Buscando repor a microbiologia do solo através da aplicação de compostos, extratos ou chás produzidos on farm, com alta diversidade de fungos, bactérias, protozoários, nematoides, micorrizas e microartrópodes, objetiva-se chegar num equilíbrio da vida do solo e da planta de forma que não mais se necessite aplicar químicos para combater pragas e doenças, visto que haverão predadores para as mesmas, assim como o equilíbrio nutricional proporcionará que as plantas cultivadas sejam fortes e vigorosas o suficiente para competirem com plantas daninhas. Além disso, do ponto de vista nutricional, a biodisponibilidade de nutrientes para as plantas alcançada pela liberação dos próprios microorganismos e da matéria orgânica acabam por anular a necessidade de fertilizantes minerais.

De forma prática, o sistema consiste em fazer compostagem com materiais da própria fazenda, como galhos de poda de videira, trevo (fonte de N), azevém, folhas de nogueira, terra de mato, cascas de árvore, etc. Esses compostos passam por uma fase termofílica a fim de matar patógenos e sementes de invasoras, e depois permanecem por meses maturando, com monitoramento de temperatura e umidade, com o objetivo  de proporcionar a multiplicação de microorganismos benéficos, especialmente buscando aumentar a quantidade de fungos bons. Depois processa-se esse composto para fazer extratos líquidos ou chás muito ricos biologicamente, que são aplicados com certa frequência no solo ou nas plantas.

A agricultura regenerativa é uma grande tendência, e não consistindo apenas em uma produção orgânica de grãos, mas sim na busca por um sistema mais sustentável do ponto de vista ecológico, ambiental, econômico e do planeta em si. O objetivo é restaurar solos degradados, melhorar a biodiversidade, aumentar a captura de carbono no solo e criar benefícios ambientais duradouros, além de ser muito mais econômica para o produtor rural.

A equipe da Estância Guatambu se sente muito privilegiada por fazer parte de um grupo de agricultores da região que está buscando essa forma mais saudável de produzir alimentos e preservar o meio ambiente, com agricultura biológica de ponta e de alta produtividade.

Fonte: Guatambu